Washington Campos
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    No ônibus conscientizando as pessoas

O portão se abre e uma figura simpática nos recebe. “Vamos chegar”, diz, deixando escapar uma voz que remete aos velhos circos de nossa infância. “As pessoas dizem que eu tenho voz de palhaço”, diverte-se Jadir de Souza, o Palhaço Narizinho. Na casa simples do Jardim Carioca, o capixaba de 66 anos mostra com orgulho diplomas e condecorações na parede, entre elas a de Palhaço Revelação, que ganhou em uma das edições do Festilhaço, em 1999, quando conheceu o famoso Palhaço Carequinha.
O registro junto ao amigo é apenas um, entre muitos que ele tem catalogado em uma pasta. “Minha vida dá uma novela”, comenta, enquanto tira do armário um macacão largo, de bolas vermelhas, já bem desbotado, o primeiro figurino do Narizinho. E é esta,  entre tantas peças coloridas, que ele escolhe para mais um dia de trabalho. Diante de um pequeno espelho, espalha em volta da boca duas camadas de tinta colorida e, em poucos minutos, se transforma em Narizinho, o palhaço que entra, de surpresa, nos ônibus da cidade, conscientizando sobre os perigos da dengue em minipalestras que envolvem a distribuição de cartões postais e a contribuição voluntária dos passageiros.
Foto: AUXILIADORA FREITAS AVALIA ATO PÚBLICO EM DEFESA DOS ROYALTIES
Agora pela manhã, a Vereadora Professora Auxiliadora Freitas participou do programa Entrevista Coletiva, da Rádio Diário FM, dando seu depoimento sobre a manifestação em defesa dos royalties do petróleo e da Constituição Federal, ocorrida ontem na Praça São Salvador.

- Fiquei arrepiada. Lembrei da luta pelas diretas já. Lembrei, também, da luta contra a ditadura. Estávamos na praça, naquela época e foi emocionante ver novamente a multidão lotá-la para reivindicar um direito. Apesar de não ser especialista, calculo que mais de 25 mil pessoas compareceram – disse Auxiliadora.

A Vereadora também destacou a importância da participação da sociedade civil no ato público:

- Muito importante a presença da sociedade civil. A caminhada vindo da câmara, com todos unidos, num único objetivo, foi emocionante. As pessoas simbolicamente com a Constituição nas mãos – frisou.

Auxiliadora também fez questão de manifestar a importância do respeito à Constituição Federal, condenando a classe política nacional pelo desrespeito à lei maior do país:

- Foi um ato politico em defesa dos royalties. Um pais que não respeita a sua Constituição é um país que corre o risco de não ser respeitado pelo seu povo e, também, internacionalmente. Políticos que se elegem, só Deus sabe como, estão denegrindo e rasgando a nossa Carta Magna, quebrando a unidade nacional.

Sobre os comentários de que o ato teria se transformado em palanque eleitoral, Auxiliadora foi enfática:

- No meu entendimento, se algum participante em sua fala resolveu dar a “César o que é de César’, tenho certeza de que foi com justiça. O ato foi apartidário, todos os segmentos da sociedade civil, todos os segmentos políticos foram convidados e quem não compareceu foi por motivos alheios à nossa vontade. Todos os pronunciamentos foram feitos com base na história passada e presente – finalizou.
Palhaço Narizinho na Manifestação pelos Royaltes

Acompanhamos Narizinho em seu trabalho. A chegada ao terminal rodoviário é uma festa. “Já conheço essa figura”, diz o motorista de uma das linhas de ônibus. A bordo de um dos coletivos, vestindo um colete com as inscrições “Dengue Não”, Narizinho distribui os postais com poemas de sua autoria no verso e usa seu carisma para conquistar a simpatia de seu respeitável público, ainda sob olhares desconfiados. “Muitos pensam que vou pedir dinheiro. Aos poucos eles entendem a proposta e, às vezes, saio aplaudido”, observa.
Aos poucos o lugar vai ficado imprensado, mas Narizinho não para de falar sobre assuntos de interesse coletivo, sobretudo prevenção à dengue. É a palhaçada com conteúdo. “Ser palhaço não é simplesmente pintar a cara. Não sou um vendedor de postais. Sou um artista. Não é qualquer pessoa que pode ser chamada de palhaço. Aliás, tenho orgulho de ser chamado assim”, comenta o palhaço, que vive da aposentadoria e é filiado ao Sindicato dos Artistas, o SATED.
O pouco tempo que passou nos bancos escolares é compensado pela larga  experiência de vida. Depois de cinco anos em Campos, Narizinho está de malas prontas para voltar para o Rio, onde começou com o trabalho nos ônibus. “Gosto muito de Campos, mas aqui não tive muitas oportunidades”, diz, deixando escapar um ar de tristeza por trás da maquiagem alegre. Com o lema “Brinco pra não brigar. Vivo rindo pra não chorar”, ele segue perseguindo seus sonhos, afinal, o espetáculo não pode parar.