Washington Campos
Núcleo pretende fomentar a junção entre artes cênicas e dança, no espaço de Copacabana

Ainda não se sabe a ordem, mas vai ter Martin Crimp, Daniela Pereira de Carvalho e Pedro Brício. É assim – com foco em dramaturgos contemporâneos do Brasil e do exterior – que o Complexo Duplo pretende começar a ocupação do Teatro Glaucio Gill, em Copacabana.

O núcleo, capitaneado por Felipe Vidal e Daniele Avila, foi escolhido entre 31 projetos de ocupação, modalidade que pauta a agenda do Glaucio Gill desde 2008. O primeiro a ocupar o teatro foi o grupo “Aquela Companhia”, que apresentou, dentre vários espetáculos, o Projeto K, baseado na obra de Kafka. Logo depois, o espaço recebeu o Coletivo Improviso, seguido de Jô Bilac e Márcio Libar. Em 2010, foi a vez do grupo Câmbio.

A ocupação do Glaucio Gill pelo Complexo Duplo envolverá apresentações de espetáculos de artes cênicas associadas à realização de atividades formativas e de reflexão sobre a prática artística e seus modos de produção, além de uma programação de dança e da participação de um número expressivo de artistas, coletivos, técnicos e teóricos convidados.

Panorama

Um dos destaques do projeto da nova ocupação – cuja programação ainda está sendo montada – é fazer a junção entre o teatro e a dança. “Queremos montar uma programação de dança contemporânea intensa, provocar a relação entre dança e teatro”, afirma Daniele, que é tradutora e crítica de teatro, idealizadora e editora da revista eletrônica Questão de Crítica e uma das fundadoras da Projéteis Cooperatva Carioca de Empreendedores Culturais.

Outro foco da ocupação será a leitura de textos inéditos da dramaturgia contemporânea, seja ela brasileira ou estrangeira.

"Testemunhamos o Glaucio Gil ganhar seu lugar de volta na programação da cidade. Nossa ideia é dar continuidade a esse excelente trabalho que fizeram os artistas que organizaram as ocupações antes de nós. Queremos pensar as questões contemporâneas das artes cênicas, estimular um pensamento crítico sobre o teatro atual. Não queremos deixar a peteca cair", diz Daniela.

Para a programação de dança, o Complexo Duplo conta com a participação dos coordenadores do festival Panorama de Dança, Nayse Lopez e Eduardo Bonito, com o objetivo de implementar ações ao longo do ano, antes e depois da realização do festival. Os demais festivais de artes cênicas, que já fazem parte do calendário da cidade, encontrarão as portas do teatro abertas às suas atividades.

Além dos espetáculos de artes cênicas e dança, a ocupação pretende realizar e receber projetos de shows de música, assim como tem a intenção de promover a ação de artistas visuais do Rio de Janeiro no teatro.