Washington Campos


Festa literária começa nesta quarta-feira com homenagem ao modernista Oswald de Andrade
O escritor Oswald de Andrade vai ser tema de alguns dos debates do festival  (Crédito: Divulgação)
No que depender do espírito de seu homenageado, a nona edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) será democrática, amalgamada, de braços abertos ao contemporâneo e de olhar atento às diferenças. Este ano é o escritor modernista Oswald de Andrade, ícone do ideário antropofágico, o nome a apadrinhar o festival que começa nesta quarta (6 de julho) e vai até domingo (10) no balneário fluminense. Desta vez a mais importante festa literária do país traz, na programação principal, 29 autores de 13 países que discutem, em 18 mesas, ciência, filosofia, tecnologia, linguagem e, sobretudo, literatura. Pelo menos é o que promete o jornalista Manuel da Costa Pinto, que estreia como curador do festival trazendo a ficção para o centro do debate.

“Este ano procuramos dar uma ênfase grande à ficção, com a presença de romancistas consagrados como João Ubaldo Ribeiro, e de autores mais jovens que representam novidades, caso dos argentinos Andrés Neuman e Pola Oloixarac, e do português valter hugo mãe. Apesar dessa ênfase na ficção, cuidamos para não deixar de lado a incorporação de outras áreas”, explica Costa Pinto.

Relembre a entrevista que o Cultura.rj fez com o curador do festival

A Flip, porém, não é só o que acontece na tenda principal. Pelo contrário: cada vez mais a festa se espraia ao largo da programação principal, ocupando as ruas e o casario da cidade com um eclético cardápio cultural. Este ano, a gama de atrações off-tendas ganha o reforço ainda da Casa do Instituto Moreira Salles (IMS) e da Casa do Sesc, que vão reunir uma agenda variada. Além delas, as tradicionais programações da Off Flip e da Casa da Cultura garantem uma infinidade de opções ao público, enquanto a Flipinha e a Flipzona lançam luz à literatura para crianças e jovens.

Pontos altos

No rol de atrações que têm despertado mais expectativa está a própria conferência de abertura do festival. Avesso a aparições públicas, o crítico literário Antonio Candido vai inaugurar os trabalhos da Flip ao lado do ensaísta e músico José Miguel Wisnik, às 19h de quarta-feira, com a mesa “Oswald de Andrade: devoração e mobilidade”. É também Wisnik quem participa do show de abertura do festival, às 21h30, com Elza Soares e Celso Sim.

Candidato ao posto de atração mais pop desta Flip está o músico escocês David Byrne, ex-líder da banda Talking Heads, que se apresenta no domingo, às 11h45, com Eduardo Vasconcellos, na mesa “Tour dos Trópicos”, onde apresenta seus projetos sobre urbanismo sustentável e transporte público discutidos no livro Diário de bicicleta. Outro nome que promete chamar para si os holofotes é o mestre do gênero policial americano e autor dos livros que deram origem aos filmes Dália Negra e Los Angeles Cidade Proibida, James Ellroy. Entre os brasileiros, o destaque fica por conta de João Ubaldo Ribeiro, que protagoniza, no sábado, às 17h15, a mesa “Alegorias da ilha Brasil”. O italiano Antonio Tabucchi, que era uma das atrações mais esperadas este ano, cancelou sua participação há poucos dias.

Quase ausente da Tenda dos Autores (a exceção é a mesa com os escritores Marcelo Ferroni e Edney Silvestre), a literatura brasileira jovem circula por Paraty a bordo de antologias. Geração Zero Zero, raio-x do panorama literário atual, feito por Nelson de Oliveira, terá lançamento às 18h de quinta, no Café Literário do Zaratustra Bar, com a presença de alguns autores. Organizada por Eduardo Coelho e Marcio Debellian, a coletânea de contos Liberdade até agora será lançada no sábado, às 19h30, com debate na Casa da Cultura, com autores como Luiz Ruffato e Tatiana Salem Levy.

Outras artes

A música estará bastante presente na 9ª Flip. Morto há cerca de 1 ano, o compositor, saxofonista e clarinestista Paulo Moura será homenageado com um show na quinta, às 21h, no Teatro Espaço. A apresentação terá Cliff Korman no piano e arranjos, Daniela Spielmann no Sax, Katia Preta no trombone e Robertinho Silva na percussão. Em seguida, coquetel de pré-lançamento do livro Paulo Moura, um solo brasileiro, de Halina Grynberg. Já na Casa do IMS, de quinta a sábado, sempre às 20h, o grupo de choro Terno Carioca vai apresentar obras de Chiquinha Gonzaga, Pixinguinha e Jacob do Bandolim, entre outros.

Na Casa do IMS, uma atração imperdível homenageia Oswald de Andrade: uma edição fac-similar digital trechos do livro O perfeito cozinheiro das almas deste mundo. A publicação coletiva, em forma de diário, é resultado de encontros em uma garçonnière mantida por Oswald de Andrade e amigos em 1918, no centro de São Paulo. Os frequentadores, entre eles Guilherme de Almeida, Vicente Rao, Leo Vaz, Monteiro Lobato e Daisy – única mulher e uma das grandes paixões de Oswald - registravam suas observações com bilhetes, receitas, poemas e desenhos.

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Colaboração de Assessoria de Comunicação da Secretaria de Cultura