Washington Campos

Romulo Fróes não é nenhum garoto. Nasceu em 1971 e chega agora ao quarto disco, "Um labirinto em cada pé".

Nadando contra a maré dos que acham que a canção acabou, Romulo, que aposta na beleza das melodias e na força de suas letras, está sendo considerado um dos principais nomes da "nova geração do samba", ainda que não seja exatamente um músico de samba.

A promessa de seus três primeiros discos se concretiza neste quarto num trabalho maduro, bem acabado e que deixa portas abertas para um futuro ainda mais promissor.

Misturando uma certa agressividade do rock com influências da MPB da década de 70 (é possível ouvir ecos de Chico Buarque, Luiz Melodia e João Donato), Romulo prova que é possível quebrar barreiras e fazer música liberto de rótulos.

As parcerias com Rodrigo Campos, Clima, Guilherme Held e, principalmente com Nuno Ramos, artista plástico para quem Romulo trabalha como assistente, são muito bem executadas pelos músicos Pedro Ito, Marcelo Cabral, Guilherme Held e Rodrigo Campos e também pelas participações especiais de Arnaldo Antunes, Nina Becker, Thiago França, Luca Raele e Dona Inah, que abre o disco cantando um samba à capela.

Romulo não tem dúvida que o trabalho feito por um grupo de artistas que conta com ele, Tulipa Ruiz, Tiê, Curumin e Marcelo Janeci, entre outros, tem tudo para atingir um grande público, pois apesar de diferentes entre si, estes trabalhos são de qualidade e independentes do que dita o mercado. Ele não descarta a indústria, mas esta teria que deixá-los trabalhar com a liberdade que Caetano Veloso e o Clube da Esquina tiveram na década de 70.

Vale a pena ouvir o que Romulo Fróes canta e tem a dizer e parte disso está no belo "Um labirinto em cada pé".


Colaboração de Jorge Lz